Vídeo: Dezenas de peixes mortos são encontrados por surfistas na praia do Cumbuco em Caucaia
Peixes mortos foram avistados por cerca de 500 metros de extensão na orla da praia do Cumbuco, em Caucaia, neste domingo (14). De acordo com o surfista Eglailton Liberato, 42, conhecido nas redes sociais como Pai Vei, as dezenas de peixes mortos foram encontrados por volta das 5 horas e o odor causado por eles poderia ser sentido na beira da praia. Outros surfistas do local, segundo Pai Vei, também relataram encontrar os peixes mortos nesta segunda-feira (15).
Para Pai Vei, que surfa todos os dias em locais diferentes do litoral de Fortaleza e RMF há cerca de 30 anos, a situação é nova. Ele nunca tinha visto um caso parecido, apesar de já ter ajudado no resgate de tartarugas-marinhas. “Isso entristece a gente que vive no mar, pegando onda. A gente se preocupa com o meio ambiente. O mar é tudo pra gente, pra todos nós, né?”, lamenta. Apesar do ocorrido, ele seguiu o plano de surfar no local e afirma que haviam outras pessoas também fazendo uso da praia.
A prefeitura de Caucaia, por meio da assessoria de imprensa, afirmou que deve enviar técnicos do Instituto do Meio Ambiente de Caucaia (Imac) ao local para avaliar o ocorrido. O município ressalta que o órgão tem um canal para denúncias de crimes e acidentes ambientais aberto à população, por meio do telefone (85) 9 9943-6822 ou email imac@caucaia.ce.gov.br.
Causas desconhecidas
Como não teve nenhuma reação na pele após entrar em contato com a água neste domingo, o surfista acredita que os peixes possam ter sido deixados no mar por uma embarcação. “Acho que alguma embarcação que selecionou os peixes bons e botou os mortos dentro do mar. Além de poluir a praia, tanta gente passando por lá, custava nada trazer pra terra e doar pra galera”, opina.
De acordo com a engenheira de pesca Caroline Vieira Feitosa, professora do Instituto de Ciências do Mar (Labomar) da UFC, a pesca de arrasto pode ser uma das causas. Nessa modalidade, uma embarcação joga uma rede para pescar uma espécie alvo, mas acaba também arrastando outras espécies chamadas de fauna acompanhante. A captura acidental então é descartada por não interessar economicamente. No entanto, ela atenta para o fato de que é necessário uma análise dos peixes para saber a real causa das mortes.
Caroline explica ainda que existe a possibilidade de que a pesca não seja do Ceará, porém encalhou na praia do Cumbuco sendo trazida pelo mar. Apesar de trazer malefícios para o meio ambiente, a pescaria de arrasto ainda é permitida em alguns locais do país. No Ceará, há restrição de que esta prática, que segundo a professora não é comum no Estado, apenas pode ser realizada por embarcações motorizadas a mais de três milhas marítimas das costa. A resolução foi publicada em decreto do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) em junho de 2003.
A Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), que responde pelo Batalhão de Polícia de Meio Ambiente e pela Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente, não enviou resposta explicando se há algum crime ambiental sendo investigado em relação a este caso. Também procurada, a Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace), afirmou que a situação não diz respeito ao órgão, mas sim ao Ibama. Por sua vez, técnicos do Ibama contatados pela reportagem também não responderam.