Testes com cloroquina e mais três medicamentos contra Covid-19 em Fortaleza devem começar na próxima semana
Na primeira etapa, serão testados os medicamentos cloroquina, remdesivir, lopinavir com ritonavir, e uma combinação de lopinavir, ritonavir e Interferon Beta 1ª. Essas drogas são indicadas, por exemplo, para tratar malária, ebola, HIV e esclerose múltipla. Os medicamentos serão enviada pela OMS e pela Fiocruz.
Referência no tratamento de doenças infectocontagiosas no Nordeste, o Hospital São José (HSJ), em Fortaleza, deve iniciar as primeiras atuações do ensaio clínico Solidariedade (Solidarity) na próxima semana. O projeto busca comprovar a efetividade de quatro medicamentos no tratamento da Covid-19, doença provocada pelo novo coronavírus.
Ao todo, o projeto Solidariedade engloba 18 hospitais de 12 estados. A iniciativa da Organização Mundial de Saúde (OMS), no Brasil, tem coordenação da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em parceria com o Departamento de Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde (Decit/MS). O primeiro paciente foi incluído no ensaio no dia 31 de março, no Rio de Janeiro.
Em nota, o HSJ afirma que “aceitou prontamente o convite” e, desde o início de abril, formou uma equipe responsável e iniciou análise do protocolo estabelecido pela OMS junto ao Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital.
Testes
Valdiléa Veloso, diretora do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz), diz que a previsão é testar, em todo o Brasil, 1.200 pacientes hospitalizados, independentemente de estarem ou não em ventilação mecânica – método de auxílio respiratório em casos mais graves. O tratamento será iniciado após consentimento e avaliação clínica.
“Esse estudo tem um desenho adaptativo, dinâmico, que permite serem feitas análises ao longo da realização e não apenas ao fim. Se o comitê central perceber, por dados, que alguma droga não funciona, aquele braço do estudo sai. Se aparecer algum promissor, ele pode ser incorporado e testado”, ressalta a diretora.
Ainda não é possível determinar quando os primeiros resultados devem ser conhecidos, mas Valdiléa afirma que o objetivo da cooperação global é encontrá-las no “mais curto espaço de tempo possível”. Como o estudo é adaptativo, alguns tratamentos podem ser indicados tão logo se mostrem seguros e eficazes. O custo total do ensaio clínico no Brasil é de R$ 4 milhões, pagos com recursos do Ministério da Saúde.