Mais de 2,6 mil pessoas vivem em situação de rua em Fortaleza, aponta censo municipal
Cerca de 2,65 mil pessoas vivem em situação de rua em Fortaleza, segundo levantamento da prefeitura da capital. A maioria é do sexo masculino (81,5%), com idade entre 31 a 49 anos (49,1%). As informações são do G1/CE
A pesquisa visa nortear as políticas públicas para a população mais vulnerável da capital. A partir das informações obtidas pelo Censo, a Prefeitura irá realizar um pacote de ações emergenciais, previstas para serem anunciadas nesta quarta-feira (2), pelo prefeito José Sarto.
Conforme o levantamento, houve um crescimento de 53,1% em comparação com a pesquisa anterior, realizada em 2014, quando foram contadas 1.718 pessoas em situação de rua.
A contagem ocorreu entre os dias 19 e 23 de julho de 2021 nas ruas de Fortaleza, nos Serviços de Acolhimento Institucional e em outras instituições reconhecidas por acolher a população em situação de rua.
Maior concentração na Regional 12
A Regional 12, que abrange a região dos bairros Centro, Moura Brasil e Praia de Iracema, teve a maior concentração de pessoas em situação de rua, com 36,6% do público.
Em seguida aparece a Regional 2, que abrange os bairros Meireles, Aldeota, Varjota, Papicu, entre outros, com 18,1%. Em terceiro lugar está a Regional 4, com 15,3%, composta por bairros como José Bonifácio, Benfica e Fátima. As três regionais totalizam 70% da população em situação de rua na cidade.
Foram registrados 1.462 pontos de abordagem. Do total, 56,7% das pessoas estavam nas calçadas, 18,1% em praças, 7,4% sob marquises, 3,5% embaixo de viadutos e 2,2% em tocas. Em 533 pontos foram encontradas também moradias improvisadas.
Tempo de moradia e perfil
De acordo com o Censo, 22,3% dos entrevistados responderam que estavam na rua há mais de um ano e há menos de 5 anos; 17,4% há mais de 10 anos; e 13,7% entre 5 e 10 anos.
Do total, 35% das pessoas entrevistadas estavam nas ruas de Fortaleza há menos de um ano. A maioria é natural de Fortaleza ou está na cidade há mais de um ano (56,17%). Os dados revelam também que 96,8% são cisgêneros, 91,5% são heterossexuais e 71,5% são pretos ou pardos.
A pesquisa apontou também que há um alto nível de analfabetismo (18,8%), superior à média do Nordeste, que é de 15,14%, e ao percentual do Ceará, que é de 14,2% da população maior de 18 anos de idade, de acordo com a pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios (IBGE, 2017).
A maioria (62,7%) nunca teve acesso a uma formação profissional e 44,7% nunca trabalharam com registro em carteira de trabalho. O desemprego de longa duração é superior à média nacional (41,2%) para a população em geral.
Motivações
A pesquisa revelou ainda que 58,7% estão em situação de rua em função de conflitos familiares e 29,7% por causa da dependência química.
Do total, 34,2% têm passagem por instituições para tratamento de dependência química e 29,5% pelo sistema prisional. Mais da metade tem raros ou não tem mais contato com suas famílias. Quase todos (86,8%) foram para as ruas ao perder a condição de ter uma moradia convencional.
Quase a totalidade deseja deixar de viver em situação de rua (94,3%). Para elas, o que as ajudaria seria ter uma moradia permanente (40%), ter emprego fixo (29,3%) e tratar a dependência de álcool ou outras drogas (9,3%).
Serviços
Os serviços municipais mais relevantes para as pessoas em situação de rua são o Centro Pop, que atende 51,7% dessa população, e o Espaço de Higiene Cidadã, que atende 29,8%.
Ao todo, 26,2% declararam que nos últimos seis meses não foram atendidos por nenhum serviço público ou privado.