Instituições de ensino e indústria unem-se para formar profissionais de alta qualificação

Todos fazem parte de algum time e cumprem certas missões. Em casa, existem as tarefas a realizar para que tudo funcione. Na cidade, há responsabilidades a cumprir para que o direito de todos seja respeitado. Na igreja, na escola ou entre amigos, cada um tem a sua forma de somar. No trabalho, também é assim. Mas o ambiente profissional necessita de um time de pessoas com habilidades específicas. Por isso, os cursos técnicos e de graduação são essenciais: eles ajudam cada pessoa a adquirir o conhecimento que as empresas buscam em suas equipes, para que funcionem bem e consigam entregar os produtos e serviços aos clientes. 

O Ceará apresentou um saldo positivo, em julho, de 5.727 novos empregos com carteira assinada, conforme dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgados pelo Ministério da Economia no dia 21 de agosto. Este é o melhor resultado do Nordeste e o sexto do País no período.  A indústria cearense gerou 2.103 empregos no último mês. As oportunidades surgem a cada momento, mas como estar preparado para elas?

O Hilder Caldas é empregado da Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP) desde julho de 2016. Ele trilhou um caminho de busca contínua por qualificação e de entregas de novas soluções. Isso o conduziu à função atual de gerente de Laboratórios da CSP. Ele é engenheiro químico formado pela Universidade Federal do Ceará (UFC) e possui especialização pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). 

“Para quem está almejando uma carreira industrial, existem portas de entrada pra todos os níveis. Mas, antes de mais nada, é preciso estar sempre disposto a aprender. Em termos de desenvolvimento profissional, é necessário também você se juntar a pessoas boas, que espelham o que você quer ser no futuro”, aconselha o gestor. Para ele, “não importa a janela pela qual você entre, mostre sempre o seu valor, porque que você deve estar lá e porque você deve crescer ali dentro”.

O valor do SENAI

O Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI/CE) dispõe hoje de cerca de 250 cursos para atender às demandas da indústria. Segundo a gerente de Educação do SENAI Ceará, Sônia Parente, “são cursos pra quem deseja ingressar no mercado de trabalho; para indústrias que querem formar mão de obra; e de aperfeiçoamento para quem já está na indústria e deseja se qualificar. Este ano, nós vamos lançar um curso técnico na área de Química que não existe aqui no estado e que vai trazer um grande diferencial”. 

Sônia explica que as indústrias cearenses têm requerido cada vez mais pessoas qualificadas para o setor. “Não necessariamente uma mão de obra a nível técnico ou de especialização. A maior demanda ainda é por pessoas que possam ingressar no mercado de trabalho, contribuir com o desenvolvimento das indústrias e atender às necessidades de aperfeiçoamento e de novas qualificações”, destacou a gestora.

Sônia Parente

IFCE-Pecém direto ao ponto

Por meio do Instituto Federal do Ceará (IFCE) – Campus Avançado Pecém, é possível alcançar a formação técnica em cinco áreas: Automação Industrial, Eletromecânica, Eletrotécnica, Segurança do Trabalho e Química. O diretor de Campus Avançado do IFC no Pecém, Marcel Ribeiro, enumera os caminhos. “A pessoa precisa conhecer o contexto do complexo industrial e buscar saber quais formações de fato as empresas estão exigindo. Nós temos o próprio IFCE, onde a gente oferece atividades, cursos de curta duração e cursos técnicos. E temos o SINE, que tem um trabalho espetacular de integração e de capacitação do trabalhador em qualificações básicas que são fundamentais”, explica Marcel. 

Marcel Ribeiro

A dica do diretor do IFCE-Pecém para o jovem que quer se inserir na indústria é iniciar a qualificação por cursos técnicos, tendo em vista a grande demanda. “Em média, na indústria, para cada 6 técnicos efetivados, temos 1 engenheiro contratado. Então, a probabilidade do estudante se inserir como técnico dentro do setor produtivo é muito maior. Depois de se inserir, existem várias universidades públicas e privadas que oferecem cursos de graduação noturnos, e aí ele pode crescer dentro da empresa onde está trabalhando”, recomendou.

Os cursos do IFCE foram criados a partir da identificação das necessidades reais das empresas instaladas no Complexo do Pecém. “Então, tenho convicção de que os alunos que fazem o curso técnico no IFCE terão uma oportunidade, porque são cursos em áreas que têm uma demanda natural dentro da indústria”, afirma. Todos os cursos do Instituto são gratuitos. “A comunidade precisa conhecer o que a gente faz e buscar saber mais sobre os cursos, porque se de fato ela se integrar a isso, ela vai conseguir bons resultados”, destaca o diretor. 

UFC pioneira na metalurgia

Na Universidade Federal do Ceará (UFC), o Centro de Tecnologia oferta 13 cursos em nível de graduação e 9 programas de pós-graduação, sendo 6 com mestrado e doutorado. Segundo o diretor do Centro de Tecnologia da UFC, Almir Holanda, há grande procura de profissionais já formados por uma pós-graduação e também o interesse das próprias indústrias em qualificar o pessoal já contratado. 

“Quando a gente tem indústria de ponta, que compete mundialmente, você precisa de profissionais mais especializados para ter uma produção com qualidade e com peso competitivo de forma mundial”, diz. O Centro de Tecnologia está atento às mudanças que o mercado vem exigindo e buscamos trabalhar, inclusive, com especialidades que serão necessárias no futuro. 

Almir exemplifica esse alinhamento com a criação, em 2005, do curso de Engenharia Metalúrgica, que surgiu “pensando em atender a necessidade da indústria do mercado metal mecânico, sobretudo da CSP. Formamos muitos alunos que hoje já assumem postos importantes na CSP. Estamos trabalhando agora na possibilidade de uma parceria com a CSP para o mestrado de uma turma de profissionais da empresa”.

Atualmente, 32 ex-alunos do Curso de Engenharia Metalúrgica são contratados pela CSP e outros 7 estão contratados como trainee, segundo o coordenador do curso de Engenharia Metalúrgica da UFC, Marcelo Motta. 

Nessa trajetória de parcerias entre UFC e CSP, ele relembra um projeto pioneiro, de 2011, intitulado “Projeto de apoio à formação do estudante técnico de São Gonçalo do Amarante – CE”. “Consistia em desenvolver ações junto aos alunos do Centro Vocacional Técnico (CVTEC), com o intuito de contribuir com uma formação qualificada. Os alunos da UFC ministravam aulas de reforço no colégio técnico. O projeto foi apoiado financeiramente pela CSP. Ao longo dos anos, diversos alunos tiveram oportunidade de estagiar e agora são selecionados como trainee na empresa. Muitos já foram contratados e hoje são funcionários da CSP”, informou o docente.

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