Com vídeo de humor e abaixo-assinado, moradores reclamam da mudança de nome de rua em Fortaleza

Moradores do Bairro Quintino Cunha, em Fortaleza, decidiram fazer um vídeo que envolve humor e protesto para reclamar da troca de nome de uma rua, que anteriormente era chamada de “Santa Maria Gorete”, mas virou “Eustáquio Peixe” há cerca de um mês, quando novas placas foram instaladas pela prefeitura. As informações são do G1/CE

“As pessoas não estão gostando do nome atual, já que estão acostumadas com o nome antigo desde sempre. A população quem colocou o nome de Santa Maria Gorete, desde o começo”, comenta Daniel Rodrigues, um dos produtores do vídeo. Ele, que mora no bairro há 23 anos, não é residente da rua em questão, mas ajudou amigos e colegas a dar visibilidade à reclamação.

A Secretaria do Urbanismo e Meio Ambiente (Seuma) informou que, no segundo semestre de 2021, recebeu a solicitação de emplacamento de diversas ruas no Bairro Quintino Cunha, integrante da Regional III. O requerimento foi feito pelo vereador Carmelo Neto (Republicanos).

Além do vídeo, os moradores resolveram também organizar um abaixo-assinado para ser encaminhado à Prefeitura e à Câmara Municipal, solicitando a volta do nome anterior. “Não teve aviso, não teve uma pesquisa popular perguntando se os moradores queriam que mudasse ou não”, reclama Daniel.

A Seuma disse ainda que é responsável por afixar placas nas ruas de Fortaleza sempre que verificada a inexistência ou por solicitação de qualquer cidadão. Contudo, não explicou o motivo pelo qual foram feitas as placas anteriores, oficialmente emitidas pelo poder público, com o nome de “rua Santa Maria Gorete”.

O órgão municipal disse ainda que para realizar o emplacamento é necessário verificar se há decreto legislativo determinando nomenclatura oficial daquele logradouro.

O designer gráfico Daniel Rodrigues administra um perfil no Instagram chamado “Quintino Cunha Ordinário”, que faz publicações específicas do bairro, especialmente envolvendo humor. A página tem mais de 22 mil seguidores e serviu para dar visibilidade às reclamações.

“As pessoas começaram a me procurar, revoltadas, perguntando se eu sabia porque tinham mudado o nome da rua. Eu procurei algumas pessoas que representam o bairro, mas ninguém sabia explicar. Foi por isso que criei o vídeo”, explica o designer.

Ele, que não é diretamente atingido pelo problema, não negou a ajuda aos amigos, colegas, comerciantes e outros moradores. “Apesar de não morar na rua, eu vejo que está prejudicando as pessoas que são conhecidas, tenho muitos amigos que moram lá. A partir do momento que eles buscaram minha ajuda, confiaram a mim, eu pensei ‘vou tentar ajudar a resolver isso’”, complementa Daniel.

Nome oficial e nome popular

Uma pesquisa feita pelos técnicos da Célula de Georreferenciamento da Seuma verificou que a rua em questão tem, de acordo com a Lei 5883 de 12 de novembro de 1984, denominação oficial de Eustáquio Sales Peixe. Por isto, o emplacamento foi realizado com a nomenclatura oficial.

Um documento da Câmara Municipal de Fortaleza, que data de 21 de setembro de 1984, mostra a nomeação, sugerida pelo então vereador Herval Sampaio, do trecho que, à época, pertencia ao Loteamento Cidade Oeste, do Bairro Antônio Bezerra.

Documento de 1984 mostra decisão da Câmara Municipal de Fortaleza em batizar a rua como “Eustáquio Peixe”. — Foto: Reprodução

O documento explica ainda que a escolha do nome homenageia o empresário que “em vida muito trabalhou em prol do nosso desenvolvimento proporcionando oportunidades de emprego a um inúmero de pessoas através de firmas e indústrias de sua propriedade”.

Contudo, os moradores do bairro não reconhecem o nome Eustáquio Peixe, como mostra Ray Rodrigues no vídeo. “28 anos que eu moro aqui, que [o nome da rua] é Santa Maria Gorete, aí vem colocar o nome de um cara que eu não sei nem quem é”, contesta o construtor civil.

A Seuma disse também que estabeleceu uma parceria com a CMFor para agilizar a nomeação oficial de 8.317 logradouros (ruas, avenidas, travessas e outras vias) da capital. O processo está em andamento, na fase de identificação e diagnóstico da situação dos logradouros por território da cidade.

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