Vendedora da TIM é demitida após denunciar chefe por assédio sexual
A funcionária trabalhava em uma loja na Zona Norte do RJ e revelou à polícia a existência da “sala da sarrada”
A vendedora Anna Paula Oliveira foi demitida por justa causa depois que denunciou o seu chefe e um colega de trabalho por assédio sexual.
De acordo com o relato de Oliveira em suas redes, tudo começou em abril deste ano quando, ao entrar na cozinha do local de trabalho o seu chefe e um funcionário a cercaram. uma parte da loja, onde a vítima foi assediada, chegou a ser nomeada “sala da sarrada”. As informações são do portal UOL.
“Desde que cheguei na loja da TIM do Norte Shopping, as brincadeiras ‘sem noção’ já aconteciam. No dia 15 de abril, eu vivi o pior dia da minha vida. Entrei na cozinha como de costume, subi para beber água e fui pega de surpresa pelo meu colega de trabalho, um consultor igual a mim e pelo meu gerente geral. Eles apagaram a luz e fui empurrada para o gerente pelo ‘colega de trabalho’”, revelou Anna.
A trabalhadora afirma que na hora a sua “mente paralisou” e “não conseguia assimilar” porque estavam fazendo aquilo com ela.
“Foram minutos angustiantes. Ele passou a mão no meu corpo, pressionava tão forte o seu corpo contra o meu e beijava o meu pescoço de forma rígida e rápida, enquanto continuava passando a mão no meu corpo, enquanto eu pedia para ele parar e quando vi que seria dali para pior”, relata Oliveira.
Enquanto era abusada por seu chefe e pelo colega de trabalho, Anna conta que gritou por socorro e uma amiga tentou abrir a porta da cozinha, mas não conseguiu.
“Em todo momento eles rindo e minha agonia só aumentava. Até que essa colega de trabalho fala ‘denuncia eles’ (nos canais internos da TIM). Foi aí que eles abriram a porta e eu consegui sair”.
Ao retornar das férias, Anna Paula Oliveira afirma que tremia só de entrar no ambiente de trabalho. “Eu chorava sozinha, com vergonha e medo de perder o emprego”, conta.
Por conta do assédio sexual que sofreu, Oliveira desenvolveu um quadro de depressão e ansiedade e que, consequentemente, o seu rendimento no trabalho caiu.
Além disso, o gerente da loja a ameaçou caso fizesse alguma denúncia.
Demissão por justa causa
No começo do mês de junho, a trabalhadora da TIM registrou o ocorrido no 23º DEP (Méier).
Ao UOL, o delegado responsável pelo caso, Deoclécio Francisco de Assis, afirmou que os dois foram indiciados por três crimes: importunação sexual, coação e difamação. A polícia também relatou a existência da “sala da sarrada”.
“A vítima, apesar de buscar o canal interno de notícia da empresa, jamais foi recebida por nenhum representante, tendo que relatar os fatos por chat, mesmo depois de implorar por atendimento pessoal. O principal indiciado (o gerente) denominava a sala do refeitório com a ‘sala da sarrada’”, disse em nota a Polícia.
De acordo informações do UOL, o gerente e o funcionário negaram o ocorrido e, segundo delegado, a TIM não soube lidar com o caso.
“A empresa conduziu muito mal, simplesmente não apurou. Ela denunciou no canal interno e a empresa ficava sempre pedindo mais detalhes, ela falando, não querendo se identificar. Quando ela se identificou e identificou quem fez, o gerente da loja tomou conhecimento”, revelou o delegado.
Muito comum nesses casos, os dois homens indiciados buscaram desqualificar a denunciante e chegaram a afirmar que ela já havia se relacionado com outra pessoa.
“O gerente, em depoimento, fala que ela já havia se relacionado com outro funcionário, mesmo sendo casado, isso configura crime de difamação. Ele, muito mal orientado, tentou desacreditá-la o tempo todo”, disse o delegado.
Além de não prestar assessoria a Anna Paula, logo depois de prestar queixa ela foi demitida por justa causa.
“Eu recebi uma mensagem da coordenadora pedindo para que eu fosse para a loja. Foi quando ela me demitiu por justa causa, no meio de uma crise de ansiedade e me demitiu de forma humilhante, falando sobre eu ter ferido a honra dos meus superiores e colegas de trabalho, quebrando assim o código da ética da TIM”, disse.
Por meio de uma nota, a TIM afirmou que lamenta o ocorrido e que “trata com máxima atenção, seriedade e sigilo as denúncias e manifestações recebidas em seu Canal de Denúncias, como ocorreu no presente caso. Em função da abertura do processo criminal, a empresa afastou do trabalho os dois colaboradores arrolados no inquérito”.
Sobre a demissão de Anna Paula, a empresas afirmou que não tem relação com a denúncia, mas que “se deu por causas anteriores e totalmente alheias aos fatos relatados”.
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