Carateca de Fortaleza tenta recuperar mais de 150 medalhas jogadas no lixo por engano
Um erro durante uma faxina em casa fez com que mais de 150 medalhas da carateca cearense Rayane Dantas Freire fossem jogadas no lixo por engano no Bairro Mondubim, em Fortaleza, há cerca de duas semanas. A ação foi praticada acidentalmente pela tia da jovem, que só nesta quinta-feira (8) percebeu o ocorrido e agora busca encontrar o material de grande valor sentimental para a sobrinha.
Conforme a universitária Luciana Sampaio, tia da vice-campeã brasileira e penta campeã cearense, as medalhas estavam em duas sacolas de plástico. “Eu estava juntando as coisas para jogar no lixo e não olhei o que tinha dentro das sacolas, então acidentalmente elas foram parar com as coisas que estavam separadas para jogar no lixo”, lamenta.
Ontem, ao perceber que a tia havia feito uma faxina em seu quarto, Rayane perguntou pelas medalhas guardadas. Só então a tia dela lembrou do episódio e notou que havia se enganado ao jogar as sacolas no lixo.
Ao receber a notícia do que tinha acontecido, Rayane ficou bastante abalada. “Foi uma surpresa pra mim muito grande. Não estou com raiva, só estou triste porque não tenho mais o símbolo das competições, que eu acho que é a medalha. Foi vários anos da minha vida voltados para o karatê”, disse Rayane, que mora na residência com a tia, a avó e um primo.
“Se eu conseguisse achar, nem que não fossem todas, mas algumas, eu já ficaria muito feliz. Queria todas, queria que estivessem guardadas do jeito que eu deixei”, completa a carateca.
Rayane chegou até a faixa marrom do karatê. Há cerca de três anos ela parou de competir, mas treina esporadicamente em uma academia e atualmente trabalha com vendas.
Segundo ela, as medalhas estavam guardadas porque ela foi morar na casa da avó e estava aguardando a oportunidade para colocar todas na parede do seu quarto, como fazia quando morava na casa da mãe.
Trajetória no esporte
ayane Dantas começou a treinar karatê ainda na infância, aos 11 anos, em um projeto social no bairro onde mora. Segundo a atleta, para conseguir participar dos campeonatos ela contava com a ajuda dos professores e pedia doações.
“Quem é atleta sabe o quanto que é difícil você chegar em uma competição, tanto na questão mesmo que você tem que correr atrás, você tem que se dedicar bastante para conseguir aquele título e também pela questão financeira. Quem é atleta sabe como é difícil e como é caro o esporte, e patrocínio é muito difícil de conseguir”, relata.
O esforço de Rayane gerou várias conquistas, entre elas o vice-campeonato brasileiro de karatê em 2014, o campeonato cearense de karatê por cinco vezes, nos anos de 2011 a 2015, o Circuito Nacional Piauí Open, além de outros campeonatos estaduais pelo país.
“Todas as medalhas me lembram obstáculos que eu passei, ajudas que eu tive, tanto da família, quanto dos amigos, como do meu professor, que sempre me apoiou, sou totalmente grata a ele. Cada medalha dessa tem um pedacinho dele. E lembra de várias outras formas que eu fui atrás de conseguir dinheiro para ir à competição, pedindo ajuda, indo atrás de patrocínio. Então, para mim, cada medalha tem uma história muito grande e muito importante da minha vida. As lembranças preciosas estão na memória, mas a medalha é o símbolo da conquista”, afirma a carateca emocionada.